Ação Antrópica no Rio Doce no Estado do Espírito Santo e a Resistência a Antimicrobianos: Desafios para a Saúde Pública e o SUS
Resumo: A resistência aos antimicrobianos (RAM), apesar de ser um fenômeno natural e presente há muito tempo, foi amplificada nas últimas oito décadas pelo uso excessivo e indiscriminado desses medicamentos em diversos setores, especialmente no ambiente hospitalar. O isolamento de microrganismos resistentes a antimicrobianos (MDR) em ambientes aquáticos pode ocorrer devido ao carregamento desses fármacos por águas superficiais, à exposição de cepas ambientais a substâncias tóxicas e à utilização de antimicrobianos na agricultura de compostos molecularmente similares àqueles utilizados em ambientes hospitalares. Estes microrganismos podem causar infecções agudas invasivas ou sistêmicas subagudas, nas quais existem desafios socioeconômicos como o manejo do tratamento, principalmente em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. A Bacia Hidrográfica do Rio Doce abastece os estados do Espírito Santo (ES) e Minas Gerais (MG) e é formada por sub-bacias hidrográficas. O Rio Doce na última década sofreu vários impactos ambientais principalmente pelos desastres de Mariana e Brumadinho especialmente devido à liberação de uma grande quantidade de rejeitos tóxicos e contaminantes durante os eventos de rompimento das barragens. A presença desses rejeitos pode ter afetado a composição química e biológica da água, causando danos aos ecossistemas aquáticos e à saúde humana. Partindo desse ponto, há uma escassez de estudos avaliando o impacto desses desastres na distribuição de espécies bacterianas e fúngicas e se o mesmo contribuiu para a emergência de microrganismos potencialmente patogênicos ou com sensibilidade diminuída ou até mesmo resistentes aos antimicrobianos comumente utilizados na prática clínica. Ademais, não sabemos como isso tem impactado as comunidades ribeirinhas. Neste contexto, o objetivo desse estudo é identificar e caracterizar a diversidade microbiana no ecossistema fluvial do Rio Doce, com foco na detecção de patógenos bacterianos e fúngicos multirresistentes (MDR) e novos genes de resistência antimicrobiana, visando subsidiar ações estratégicas de vigilância e controle no âmbito do SUS. Para isso, serão coletadas amostras de água em três pontos distintos ao longo do Rio doce, seguindo a vazão fluvial, em quatro cidades do Estado do Espírito Santo, além de água potável das respectivas cidades. A amostra será filtrada e os filtros serão utilizados para isolamento de fungos e bactérias em meios de cultura específico ou para análise direta em PCR. Uma vez isolados, os microrganismos serão identificados por análises bioquímicas, morfologia, espectrometria de massas (MALDI-TOF MS) e/ou sequenciamento de DNA. Os isolados serão avaliados quanto ao seu perfil de susceptibilidade pelo método de microdiluição em caldo ou disco difusão a partir de protocolos padronizados pelo EUCAST/BrCAST. Isolados resistentes terão o gene de resistência investigado por sequenciamento de DNA ou PCR multiplex. Novos genes ou genes raras terão seu genoma completo sequenciado, assim como cepas potencialmente patogênicas não descritas. Caso cepas bacterianas carreadoras do mesmo ARG e de cepas fúngicas resistentes de mesma espécie sejam isoladas do rio e da água potável a relação genética por meio da tipagem molecular será estabelecida por PFGE para bactérias e tipagem por microssatélite para fungos.
Data de início: 06/05/2025
Prazo (meses): 48
Participantes:
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Nome |
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Coordenador | SARAH GONCALVES TAVARES |
Pesquisador | GLAUCIA QUEIROZ DOS SANTOS |
Pesquisador | KÊNIA VALÉRIA DOS SANTOS |