FATORES Associados à Coinfecção Tb-hiv no Brasil, 2001 A
2011
Nome: THIAGO NASCIMENTO DO PRADO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 02/07/2015
Orientador:
Nome | Papel |
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ETHEL LEONOR NOIA MACIEL | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA | Examinador Interno |
CRISPIM CERUTTI JUNIOR | Examinador Interno |
ELIANA ZANDONADE | Suplente Externo |
ETHEL LEONOR NOIA MACIEL | Orientador |
MAURO NISKIER SANCHEZ | Examinador Externo |
Páginas
Resumo: Introdução: Nos últimos anos a incidência e mortalidade por TB no Brasil têm demonstrado tendência de redução. Contudo, está tendência não é observada entre pacientes coinfectados TB-HIV. Além disso, esses pacientes têm os piores desfechos de tratamento da tuberculose comparado a pacientes não infectados pelo HIV. Há poucas evidências de como às características clínicas da tuberculose (TB) e os fatores socioeconômicos influenciam estes desfechos desfavoráveis. Objetivos: Avaliar o perfil epidemiológico e clínico dos pacientes com tuberculose (TB) pelo status sorológico do HIV no Brasil durante os períodos de 2007 a 2011 e caracterizar as características clínicas e epidemiológicas associadas com desfechos desfavoráveis da TB em pacientes coinfectados TB-HIV no Brasil durante os períodos de 2001 a 2011. Métodos: Este estudo foi constituído de duas partes. Primeira parte: Estudo transversal para avaliar o perfil epidemiológico e clínico dos pacientes com tuberculose (TB) pelo status sorológico do HIV no Brasil durante os períodos de 2007 a 2011. Os pacientes coinfectados TB-HIV foram comparados aos pacientes com TB, mas não infectados pelo HIV, através do modelo de regressão logística hierárquica usando o Stata 13.0. Segunda Parte: Estudo transversal, no qual os pacientes coinfectados TB-HIV notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) entre 2001 e 2011 foram identificados e categorizados através do desfecho do tratamento da TB (cura, abandono, óbito por TB, óbito por outras causas e evolução para MDR-TB), para caracterizar as características clínicas e epidemiológicas associadas com os desfechos desfavoráveis da TB. Foi usado um modelo hierárquico de regressão logística multinomial, no qual a cura foi o desfecho de referência. Resultados: Primeira Parte: A prevalência de coinfecção foi de 19% entre os adultos maiores de ≥ 15 de idade no Brasil. Nós analisamos os dados de 243.676 indivíduos, dos quais 46.466 eram coinfectados TB-HIV e 197.210 tinham TB, mas não eram infectados pelo HIV. Os fatores seguintes aumentaram a chance de coinfecção: sexo masculino (OR: 1,06, 95% IC 1,03-1,10), 20 a 39 anos de idade (OR = 4,82, 95% IC 4,34-5,36), negros (OR = 1,08, 95% IC 1,04-1,13), 47 anos de estudo (OR = 1,13, 95% IC 1,19-1,28), história prévia de abandono do tratamento da TB (OR = 2,65, 95% IC 1,13-6,25), forma clínica da TB pulmonar e extrapulmonar simultaneamente no mesmo indivíduo (OR = 2,80, 95% IC 1,56-5,02), resultado histopatológico sugestivo de TB (OR = 2,15, 95% IC 1,13-4,07). Por outro lado, os pacientes coinfectados foram menos prováveis de residirem na zona rural (OR = 0.45, 95% CI 0.42-0.48), ter diabetes (OR = 0,45, 95% IC 0,40-0,50) e resultado da baciloscopia positiva (OR = 0,55, 95% IC 0,32-0,95). Os pacientes coinfectados TB-HIV foram mais prováveis de abandonar o tratamento da TB (OR = 2,96, 95% IC 2,36-3,71) e ir a óbito por TB (OR = 5,16, 95% CI 43,04-5,77). Segunda Parte: A coinfecção TB-HIV aumentou no período avaliado de 4,2/100000 pessoas-ano em 2001 para 5,0/100000 pessoas-ano em 2011. Pacientes com 15-19 anos (OR=2,86; 95%IC: 2,09-3,91) e 20-39 anos (OR=2,30; 95%IC: 1,81-2,92) mostraram maior probabilidade de abandonar o tratamento da TB que aqueles com idade de 0-14 anos. Por outro lado, pacientes com mais de 60 anos de idade mostraram maior probabilidade de ir a óbito por TB (OR=2,22; 95%IC: 1,43-3,44) e outras causas (OR=2,86; 95%IC: 2,14-3,83). Os pacientes negros mostraram maior probabilidade de abandonar o tratamento (OR=1,33; 95%IC: 1,22-1,44) e evoluir a óbito por TB (OR=1,50; 95%IC: 1,29-1,74). Todavia, os pacientes com mais de 8 anos de estudo tinham menor probabilidade de abandono do tratamento da TB (OR=0,68; 95%IC: 0,63-0,74), óbito por TB (OR=0,82; 95%IC: 0,71-0,94) e óbito por outras causas (OR=0,78; 95%IC: 0,71-0,84). Finalmente, etilismo foi associado com todos os desfechos desfavoráveis: abandono (OR=1,94; 95%IC: 1,73-2,17), óbito por TB (OR=1,46; 95%IC: 1,25-1,71), óbito por outras causas (OR=1,38; 95%IC: 1,21-1,57) e evolução para MDR-TB (OR=2,29; 95%IC: 1,46-3,58). Conclusão: Vulnerabilidades socioeconômicas têm um efeito significativo na coinfecção TB-HIV e no desfecho de tratamento da TB entre esses pacientes no Brasil. Promover o suporte social e a incorporação da triagem de pacientes etilistas por parte dos programas de tuberculose são intervenções que podem melhorar o desfecho do tratamento da TB. A implementação de tais intervenções exigirá uma melhor coordenação, interação e ações articuladas entre os programas da TB e HIV/AIDS.
Palavras-chave: Tuberculose; HIV; Modelos logísticos.