Epidemiologia, Clínica, Anatomia Patológica e Etiologia Infecciosa em Abortamento Ocorridos em Duas Maternidades Públicas de Vitória, ES (1999).

Nome: FLAVYA DA SILVA SOUZA RIBEIRO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 21/12/2006

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA Examinador Interno
LUIZ CLAUDIO GOMES PIMENTEL Examinador Interno
PAULO ROBERTO MERÇON DE VARGAS Orientador

Resumo: Aborto é o desfecho mais comum da gestação humana, entretanto sua etiologia e patogênese são pouco conhecidas. Os dados demográficos em nosso meio são escassos e a utilidade do exame anátomo-patológico para elucidar o desfecho reprodutivo ruim é subdimencionada por patologistas e obstetras. Objetivo: Descrever as características demográficas, clínicas, anátomo-patológicas e infecciosas em abortamentos de baixo-médio nível sócio-econômico. Casuística e métodos: amostra de corte transversal correspondendo a 110 casos de abortamento, 16,96% de todas as terminações ocorridas entre 12 de março e 23 de maio de 1999 em duas maternidades públicas de Vitória, ES. Os dados clínicos foram extraídos dos prontuários institucionais e completados com o protocolo de pesquisa a História Clínica Perinatal Básica do Sistema de Informação Perinatal (CLAP/OPAS/OMS). Para exames laboratoriais foi colhida uma amostra de sangue e os produtos da concepção. O diagnóstico de infecção foi estabelecido pela presença de alguma deciduíte ou intevilosite ou perivilosite ou vilosite ou corioamnionite. Associações entre infecção e as variáveis clínicas e laboratoriais foram analisadas em tabelas de contingências, calculando-se os índices de contrates pertinentes para avaliação do risco e valor diagnóstico. Resultados: A prevalência de infecção decidual/ovular foi de 65,69% (IC95%: 56,05 a 74,18). Os achados mais importantes foram: IGO < que 8 semanas (70%), tempo de internação < que 3 dias (80,77%), alguma consulta pré-natal prévia (40,82%), posse do carnê pré-natal (10,91%), VDRL prévio (9,91%), pelo menos um aborto anterior (43,48%). O espécime era incompleto em 70,91% dos casos, 16,09% tinham desenvolvimento heterológico e o embrião/feto estava presente em 27,27%. Considerados isoladamente, os marcadores clínicos e laboratoriais têm valor diagnóstico limitado e mesmo a combinação destes marcadores melhoram pouco os valores diagnósticos de cada um isoladamente. O melhor marcador parece ser a febre aferida pela temperatura axilar. Conclusão: A qualidade da assistência pré-natal é ruim. Categorizar patogeneticamente os abortamentos é identificar as possíveis etiologias e os mecanismos que estiveram operantes na gestação e podem recorrer. O patologista pode reconhecer e avaliar o desenvolvimento e as lesões, os marcos objetivos necessários para a definição e interpretação das anormalidades e dos nexos causais do abortamento e suas complicações. Em quase todos os casos, trata-se de infecção secundária e não de abortamento por causa infecciosa e maioria dos casos encontra-se no estágio inicial. A complexidade do tema, a limitação de recursos, a má qualidade da assistência pré-natal e a dificuldade de atribuir uma causa específica ao abortamento, torna o estudo de cada caso um verdadeiro desafio para obstetras e patologistas, devendo servir de estímulo para implementação de programa específico de estudo e intervenção. Mesmo quando não há uma explicação causal nem se identifique fatores de risco para recorrência em futura gestação, a frustração dos pacientes e dos médicos pode ser minorada pelo fato de que um real esforço foi feito para entender o caso. Palavras chaves: Aborto, infecção, epidemiologia, anatomia patológica.

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