Relação entre doença periodontal e doenças crônicas não transmissíveis em usuários do sistema público de saúde - Vila Velha - ES.
Nome: GUSTAVO VITAL DE MENDONÇA
Data de publicação: 08/10/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ANA ROSA MURAD SZPILMAN | Examinador Externo |
EDSON OLIVEIRA DELATORRE | Examinador Interno |
MARGARETH PANDOLFI | Examinador Externo |
ROBERTA GRASSELLI BATITUCCI PINEL | Examinador Externo |
Resumo: A doença periodontal (DP) engloba a gengivite e a periodontite. A gengivite ou inflamação das gengivas, que leva ao sangramento gengival, é considerada uma forma inicial de doença periodontal. A periodontite se desenvolve ao longo do tempo, com acúmulo de placa dentária, disbiose bacteriana, formação de bolsas periodontais, recessão gengival, destruição tecidual e perda óssea alveolar, que pode levar à perda do dente. No fim dos anos 80, periódicos odontológicos publicaram vários estudos observacionais que identificavam doenças sistêmicas em pacientes com DP. Na década de 1990, o termo “medicina periodontal” foi introduzido. No início do século 21, os dentistas começaram a alertar seus pacientes sobre a potencial relação entre a DP e uma série de doenças sistêmicas. Assim, realizamos esse estudo com os objetivos de descrever a relação entre a ocorrência de doença periodontal e a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, bem como a influência da gravidade da doença periodontal sobre a prevalência de tais condições crônicas. Outro objetivo foi o de demonstrar a relevância do atendimento multiprofissional no serviço público de saúde. A população do estudo consistiu em pacientes usuários do serviço público de saúde do município de Vila Velha, Espírito Santo. Foram utilizadas, para o estudo, as unidades de saúde Jardim Colorado, Divino Espírito Santo e Ataíde. Foi selecionado o método CPI (Índice Periodontal Comunitário), o qual é preconizado pela OMS e pelo Ministério da Saúde. Também foi avaliada a quantidade de elementos dentários perdidos. A avaliação de saúde sistêmica se deu por anamnese cuidadosa, com aferição da pressão arterial e da glicemia, e com dados autorreferidos pelos voluntários, bem como mediante a análise do prontuário eletrônico do cidadão. A associação entre doença periodontal e ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis foi verificada por regressão logística simples ajustada por fatores de confusão (idade, tabagismo e excesso de peso), utilizando desfechos de comorbidades (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, eventos isquêmicos, artrite, acometimentos neurológicos e câncer) e as variáveis independentes índice periodontal total e número de dentes perdidos. A população do estudo foi constituída por 334 voluntários. Foi possível encontrar associação significativa entre o índice periodontal total e hipertensão arterial sistêmica e diabetes nos pacientes com 45 anos ou mais. Também, houve associação significativa entre o índice periodontal total e hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e câncer nos indivíduos do sexo feminino, com a participante cujo CPI total foi de 9 a 13 apresentando 2,8 vezes maior probabilidade de ter hipertensão arterial sistêmica quando comparada à participante com valores de 1 a 2. Nossos achados permitem concluir que a doença periodontal apresenta associação positiva e estatisticamente significativa com hipertensão arterial e diabetes mellitus na população acima de 45 anos, independentemente de fatores de confusão (tabagismo e excesso de peso). A periodontite grave também é um fator de risco para câncer em mulheres, além de a perda dentária, também, ser um fator de risco para hipertensão e diabetes em mulheres.