ANÁLISE MICROBIOLÓGICA E FATORES ASSOCIADOS À SEPSE
EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL (UTIN)
Nome: IARA SANTOS REIS
Data de publicação: 25/03/2024
Banca:
Nome | Papel |
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CREUZA RACHEL VICENTE | Examinador Interno |
RICARDO PINTO SCHUENCK | Presidente |
THIAGO CÉSAR NASCIMENTO | Examinador Externo |
Resumo: A sepse é considerada uma das principais causas de morbidade e mortalidade em neonatos. O tratamento da sepse neonatal (SN) tornou-se um desafio ainda maior com o avanço da resistência microbiana, que é um problema de importância global. O presente trabalho objetivou analisar os fatores associados e o perfil microbiológico da SN em pacientes internados em unidades de terapia intensiva neonatal (UTINs) de diferentes hospitais terciários privados localizados no Estado do Espírito Santo. A coleta de dados clínicos dos neonatos, os dados maternos e microbiológicos foram coletados por meio do prontuário eletrônico de cada hospital entre os anos de 2016 e 2021. Os casos de sepse neonatal foram divididos em dois grupos, de acordo com o início dos sintomas: sepse neonatal de início precoce (SNP), que ocorreu em até 72 horas de vida; e de início tardio (SNT), que ocorreu após 72 horas de vida e até 28 dias do nascimento. Um total de 177 neonatos apresentaram SN, com prevalência de SNT (n = 133 / 75,13%). Fatores como a prematuridade (p = 0,042), baixo peso ao nascer (p=0,001), índice de Apgar no 1 minuto (p = 0,02), reanimação ao nascimento (p=0,008), uso de cateter venoso (p = 0,032), uso de cateter venoso central de inserção periférica (PICC) (p = 0,001) e tempo de internação (p = 0,001) apresentaram diferença significativa entre a SNP e SNT. A taxa de mortalidade foi de 15,82% e fatores como idade gestacional, dias de uso de ventilação mecânica e tempo de internação foram associados ao desfecho óbito. Foram isolados 217 microrganismos das hemoculturas, sendo prevalentes as bactérias Gram-positivas (n = 119 / 54,84%), seguidas por Gram-negativas (n = 82 / 37,79%) e fungos (n = 7,37%). No geral, Staphylococcus coagulase-negativa (SCN) foi mais frequente tanto na SNP quanto na SNT. Bactérias Gram-negativas, destacadamente Klebsiella pneumoniae, foram relevantes apenas nos casos de SNT. Altas taxas de resistência entre os antibióticos foram observadas tanto em bactérias Gram-positivas quanto negativas, sendo que acima de 70% dos isolados foram considerados multidroga-resistentes (MDR). A taxa de mortalidade foi significativamente maior entre neonatos com SNT, destacando a importância da implementação e reforço do cumprimento de medidas de prevenção de infecção relacionada à assistência à saúde em UTINs. O estudo ressalta a importância do monitoramento sistemático dos agentes causadores da sepse neonatal e seu perfil de suscetibilidade antimicrobiana, uma vez que observamos importantes variações em relação à SNT e SNP.