Avaliação de métodos diagnósticos visando a interrupção de transmissão da esquistossomose

Nome: LIDIA MARA DA SILVA RAMOS FERREIRA

Data de publicação: 16/11/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CARLOS GRAEFF TEIXEIRA Presidente
MOISES PALACI Examinador Interno
RICARDO RICCIO Examinador Externo

Resumo: A esquistossomose é uma infecção que afeta cerca de 240 milhões de pessoas no mundo, e estima-se que mais de 700 milhões de pessoas vivem sob risco de infecção em áreas endêmicas. A visualização direta de ovos do parasito nas fezes do indivíduo infectado é o diagnóstico confirmatório, entretanto, resultados negativos não descartam a ocorrência de infecção, principalmente em áreas de baixa endemicidade, onde os indivíduos apresentam baixas cargas parasitárias, consequentemente, quantidade diminuída de ovos nas fezes, podendo levar a prevalências subestimadas, ou resultados falsos negativos quando aplicados métodos diagnósticos de baixa sensibilidade. Uma das prioridades da Organização Mundial de Saúde está no desenvolvimento de estudos a fim de estabelecer critérios para futuramente certificar a interrupção da transmissão, contudo, novas ferramentas de triagem diagnóstica são necessárias para superar a sensibilidade menos que adequada do Kato-Katz, atualmente usado como método de esfregaço espesso. Embora o desenvolvimento de tais ferramentas esteja em andamento, uma extensa avaliação rigorosa de desempenho é necessária antes de serem introduzidos como recursos para atividades de controle em áreas endêmicas. Nessa perspectiva, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar métodos diagnósticos da esquistossomose mansônica cooperando para a interrupção da transmissão. Os métodos utilizados na avaliação comparativa foram: Para o exame parasitológico de fezes foi realizado o experimento de semeadura por duas técnicas, o método de TF-Test® e Lutz, na qual, diferentes cargas de ovos de S. mansoni extraídos do fígado de camundongo experimentalmente infectados foram semeados (50, 100, 200 e 450) em oito conjuntos contendo aproximadamente 1g de fezes para cada carga parasitária semeada. Para triagem sorológica, empregamos o método ELISA IgG/IgM, usando antígeno solúvel de ovo (SEA) e verme adulto (AWA) respectivamente, e um teste imunocromatográfico usando antígeno de verme adulto (AWA). O método Helmintex (HTX) foi utilizado para definir amostras verdadeiramente positivas. Amostras de soro foram coletadas na localidade de Candeal, Município de Estância, Estado de Sergipe, Nordeste do Brasil. Amostras fecais concomitantes foram examinadas pelo método HTX para detecção de ovos, como método de referência, descrevendo as seguintes categorias de carga de ovos: 1 e >1 OPG. A taxa de recuperação de ovos variou entre 32% (450 ovos) e 7% (50 ovos) para o TF-Test e entre 6% (200) e 5% (450, 100 e 50 ovos) para Lutz. Examinando só 1 lâmina, a sensibilidade (S) foi 100%, 38%, 38% e 25% para TF-Test e 100%, 100%, 38% e 50% para Lutz, respectivamente para 450, 200, 100 e 50 ovos. Os resultados permitem uma avaliação mais detalhada do desempenho do TF-Test e Lutz, onde observa-se uma progressiva redução da sensibilidade e provável melhor desempenho do método de Lutz a partir de cargas inferiores a 200 ovos por grama. O TF-Test tem uma vantagem operacional grande no manuseio e preparação das amostras, entretanto, em cargas parasitárias menores, têm menor sensibilidade. As análises sorológicas, revelaram que a sensibilidade foi superior a 90% tanto para o IgG-ELISA quanto para o ICT, mas a especificidade foi 40% e 18%, respectivamente. Para o IgM-ELISA, os valores foram estimados em 55% e 47%, respectivamente. Baixa especificidade e valores preditivos positivos impedem que esses testes sejam recomendados para triagem de populações em áreas endêmicas de baixa intensidade. Para qualquer aplicação, os testes sorológicos devem ser adequadamente padronizados e avaliados.

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