Distribuição e perfil de susceptibilidade a antifúngicos de espécies de Candida isoladas de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva e mãos de profissionais de saúde
Nome: YAGO RODRIGUES DALBEN
Data de publicação: 24/10/2023
Banca:
Nome | Papel |
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CREUZA RACHEL VICENTE | Examinador Interno |
LUANA ROSSATO | Examinador Externo |
SARAH GONCALVES TAVARES | Presidente |
Resumo: Candida é um patógeno oportunista capaz de desencadear infecções superficiais e invasivas, além de poder causar surtos de infecções nosocomiais através de transmissão horizontal, quando não há rigoroso protocolo de higienização em unidades hospitalares. O objetivo desse estudo foi avaliar a colonização oral por Candida spp. em pacientes admitidos em uma Unidade de Terapia Intensiva entre julho de 2021 e abril de 2022, assim como realizar a caracterização clínica, epidemiológica e microbiológica de pacientes que desenvolveram candidíase oral e/ou candidíase invasiva nesse período. Este estudo foi conduzido com 209 pacientes, que tiveram a primeira amostra de swab oral coletada nas primeiras 24h de internação, seguida de coletas nos dias 2, 4, 6 e 8, após a admissão. Pacientes que usavam prótese total superior também tiveram suas próteses amostradas. Os swabs foram inoculados em placas CHROmagar™ Candida e incubados a 35°C por 72 horas. O número total de unidades formadoras de colônias foi quantificado em caso de crescimento. Superfícies abióticas e mãos e região retroauricular de profissionais de saúde também foram amostradas para avaliar a colonização por Candida. As amostras foram processadas e inoculadas em ágar Sabouraud dextrose. As leveduras recuperadas foram inicialmente identificadas por métodos convencionais, seguida de identificação por MALDI-TOF MS. Isolados de Candida de mesma espécie recuperados de pacientes, profissionais de saúde e superfícies abióticas foram avaliadas quanto à similaridade genética usando o método AFLP, assim como isolados recuperados de pacientes da cavidade oral e que desenvolveram candidíase invasiva causada pela mesma espécie. Os isolados submetidos à análise de AFLP também foram avaliados quanto à susceptibilidade frente à anfotericina B, anidulafungina, fluconazol, posaconazol e voriconazol, por meio do método de microdiluição em caldo. Um total de 64,11% dos pacientes apresentou crescimento para Candida em pelo menos um dos dias de internação. Entre eles, 80,59% foram colonizados nas primeiras 24 horas de internação. Os demais pacientes apresentaram colonização oral nos dias subsequentes: 50% no dia 2, 26,92% no dia 4, e 11,53% nos dias 6 e 8. Dos pacientes incluídos no estudo, 8,61% foram diagnosticados com candidíase oral. A manifestação clínica mais frequente foi a candidíase pseudomembranosa. Dos pacientes que foram colonizados oralmente, 2,23% desenvolveram candidíase invasiva. Dos 19 profissionais de saúde avaliados, 89,47% estavam colonizados por Candida. O MALDI-TOF MS permitiu a identificação conclusiva dos isolados recuperados dos pacientes, sendo C. albicans (45,34%), C. tropicalis (15,7%) e C. parapsilosis sensu stricto (ss) (9,88%) as espécies mais prevalentes. Doze pacientes usavam dentaduras completas, e 75% tiveram swab positivo para Candida. Entre os isolados recuperados de profissionais de saúde, oito espécies foram identificadas, sendo C. parapsilosis ss a mais prevalente (56,52%). A técnica de AFLP mostrou que isolados de C. parapsilosis ss recuperados de pacientes e profissionais de saúde estavam altamente correlacionados (97%). Três isolados de C. albicans resistentes foram identificados, sendo dois isolados resistentes ao posaconazol (CIM=0,125 g/mL) e um isolado resistente ao fluconazol (CIM=16 g/mL) e ao posaconazol (CIM=0,125 g/mL). Pacientes admitidos na unidade de terapia intensiva podem apresentar aumento da colonização por Candida spp. a partir de dois dias de internação, e estarem colonizados por diversas espécies Candida, sendo C. albicans a mais prevalente em nosso estudo. A alta correlação genética entre isolados de Candida parapsilosis ss isolados de diferentes sítios sugere que esse patógeno está bem adaptado a essa unidade hospitalar, com possibilidade de transmissão horizontal por meio de profissionais de saúde. Ademais, isolados de C. albicans resistentes a fluconazol e ao posaconazol foram identificados no estudo.