INFECÇÃO POR SARS-COV-2 EM GESTANTES ATENDIDAS EM MATERNIDADE DE ALTO RISCO NO BRASIL
Nome: CAROLINA LOYOLA PREST FERRUGINI
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 24/08/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANA CRISTINA GARCIA FERREIRA | Examinador Externo |
ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA | Orientador |
CARLOS GRAEFF TEIXEIRA | Examinador Interno |
CREUZA RACHEL VICENTE | Examinador Interno |
GERALDO DUARTE | Examinador Externo |
Resumo: Introdução: A rápida disseminação da doença, o possível desenvolvimento de síndrome respiratória aguda grave (SARS), a possibilidade de transmissão vertical e de desfechos obstétricos graves alertam para a importância da abordagem da infecção por SARS-CoV-2 na gestação.
Objetivos: Avaliar os desfechos obstétricos e neonatais de gestantes com infecção aguda ou expostas ao SARS-CoV-2 na gestação, admitidas para assistência ao parto ou abortamento em maternidade de alto risco no Brasil.
Métodos: Estudo de corte transversal conduzido com gestantes atendidas na maternidade de alto risco em 2020 no Brasil. Todas as pacientes admitidas na maternidade para parto ou assistência ao abortamento foram testadas para SARS-CoV-2 utilizando PCR, IgG e IgM por imunocromatografia. Os aspectos clínicos e os desfechos obstétricos foram analisados. Os recém-nascidos de mães positivas foram acompanhados até o sexto mês de vida por contato telefônico.
Resultados: Um total de 265 gestantes foram incluídas no estudo. Em relação à positividade para SARS-CoV-2 foram encontrados: 12 (4,6%) pacientes com PCR positivo no screening da admissão, 26 pacientes (9,8%) com PCR positivo na gestação e pelo menos 3 semanas antes da internação e 71 pacientes (27,2%) com sorologia positiva para IgG e/ou IGM na admissão para o parto. Pacientes incluídas ainda foram classificadas quanto à atividade da infecção: foram consideradas infectadas pacientes com RT-PCR positivo na admissão (independente do resultado da sorologia) e pacientes com resultado de sorologia IgG negativo e IgM positivo na internação e foram consideradas expostas as pacientes com história de RT-PCR positivo prévio na gestação ou com RT-PCR negativo e IgG positivo na admissão (independente do resultado do IgM). Considerando essa classificação, observamos 18 pacientes (6,8%) foram consideradas infectadas na admissão hospitalar e 68 (25,7%) expostas ao vírus durante a gestação. Trinta pacientes (35%) com algum teste positivo apresentaram infecção assintomática para SARS-CoV-2 na gestação, enquanto apenas 6 pacientes necessitaram internação hospitalar pelo quadro respiratório: 2 (2,3%) com quadro moderado e 4 (4,6%) com quadro grave que necessitou admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A relação da obesidade e infecção por SARS-CoV-2 teve significância estatística para algum teste positivo (p=0,038) e presença de anticorpos (p=0,040). Pacientes positivas para SARS-CoV-2 apresentaram maior contato com pacientes sabidamente positivos (p=0,001). Recém-nascidos de mães com algum teste positivo para SARS-CoV-2 apresentaram maior necessidade de fototerapia após o parto (p=0,05). Nenhum dos 17 recém-nascidos de mães infectadas apresentou sintomas após o nascimento, 8 foram testados e 3 foram positivos (37,5%) em até 72h após o parto. Setenta e dois porcento dos neonatos de mães positivas estavam em aleitamento materno exclusivo na alta médica e 61% o mantiveram até o sexto mês de vida. Pacientes com infecção aguda no parto apresentaram maior taxa de parto pré-termo (p=0,02), e de morte neonatal (p=0,02) quando comparadas com pacientes expostas e negativas.
Conclusão: Dados sobre o impacto da infecção por SARS-CoV-2 em gestantes e seus recém-nascidos ainda são restritos, especialmente a longo prazo. Entretanto é notável que gestantes com infecção documentada apresentam maior morbidade e complicações obstétricas que pacientes negativas.