ESTUDO DA COINFECÇÃO HANSENÍASE E COVID-19

Nome: TAYNAH ALVES ROCHA REPSOLD
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/02/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
PATRÍCIA DUARTE DEPS Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MOISES PALACI Examinador Interno
PATRÍCIA DUARTE DEPS Orientador
RICARDO TRISTÃO SÁ Examinador Externo

Resumo: Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa espectral causada por duas espécies de micobactérias, sendo endêmica no Brasil. Já a Covid-19 é causada por um vírus que, a partir de 2020, tem sido responsável por uma pandemia, sendo o Brasil o 3º país com o maior número de casos e o 2º com o maior número total de mortes pela doença. As consequências de uma coinfecção do complexo Mycobacterium leprae e o SARS-CoV-2, até janeiro de 2022, não foram totalmente esclarecidas. Sabe-se que o curso crônico da hanseníase pode ser interrompido por reações hansênicas com aumento súbito de produção de citocinas pró-inflamatórias, à semelhança do que ocorre nos pacientes que apresentam as formas graves da Covid-19, conhecida como tempestade de citocinas. Tem sido sugerido que a infecção pelo SARS-CoV-2 seria um fator de risco para o desencadeamento de reação hansênica. Objetivo: Descrever as características clínicas e epidemiológicas de uma série de casos de coinfecção hanseníase–Covid-19. Métodos: Foi realizada uma série de casos em uma coorte da ocorrência da Covid-19 confirmada com RT-PCR positivo, em pessoas diagnosticadas com hanseníase em tratamento em centros de referência localizados em 5 cidades brasileiras – Belém (PA), Brasília (DF), Vitória (ES), Palmas (PA) e Petrolina (PE) – no período de 01 de março de 2020 a 20 de dezembro de 2020. Nenhum paciente recrutado para este estudo havia tomado nenhuma vacina para Covid-19. As informações foram coletadas via médico assistente, pesquisa de prontuários e entrevista telefônica com o paciente de 01 de março a até 23 de abril de 2021. Resultados e conclusões: Dos 1.377 pacientes em tratamento para hanseníase nos 5 centros de referência, 70 (5,1%) relataram ter tido Covid-19, entretanto, informações foram obtidas de 41 pacientes (2,98%). Dos 41 coinfectados avaliados, 19 (46,3%) eram homens e 22 (53,7%) eram mulheres, sendo a média de idade de 46,22. Do total de participantes, 1 (2,4%) tinha hanseníase indeterminada; 1 (2,4%) neural; 2 (4,9%), tuberculoide; 8 (19,5%), virchowiana e 29 (70,7%), dimorfa. Dos 41 pacientes recrutados, 26 (63,4%) estavam utilizando a Poliquimioterapia Única padrão para hanseníase, 7 (17,1%) estavam em uso de esquemas alternativos e 8 (19,5%) não estavam recebendo tratamento para a hanseníase. Quanto aos medicamentos para o tratamento das reações hansênicas, 2 (4,9%) pacientes estavam utilizando talidomida e 17 (41,5%) faziam uso de prednisona oral. Dos 41 participantes, 31 (75,6%) tinham comorbidades para quadro grave de Covid-19, a saber, hipertensão, diabetes, coronariopatia, doença renal e síndrome da imunodeficiência adquirida. Dentre os pacientes, 13 (31,7%) já apresentavam reações hansênicas diagnosticadas antes da infecção pela Covid-19, sendo 9 (22%) com reação do tipo 1, enquanto 4 (9,7%) apresentavam eritema nodoso hansênico. Como desfecho da coinfecção dos 41 pacientes, 12 (29,3%) precisaram de internação hospitalar e 6 (14,6%) foram a óbito causado pela Covid-19. Dos 6 que faleceram, todos tinham 60 anos de idade ou menos (39-60); 3 tinham comorbidades; todos estavam em tratamento para hanseníase e 1 estava tomando dose imunossupressora de corticoide sistêmico. Observou-se, ainda, que anosmia e ageusia parecem ser mais comuns em pacientes com coinfecção hanseníase–Covid-19 do que em pacientes apenas com Covid-19. Aparentemente, não houve aumento dos casos de reações hansênicas em coinfectados que não estavam em uso de corticoides sistêmicos. Em linhas gerais, a mortalidade pela Covid-19 no grupo estudado foi alta. Porém, não é possível extrapolar e concluir que as pessoas afetadas pela hanseníase têm risco maior de mortalidade pela Covid-19 em comparação com a população em geral. Para tal afirmativa, será necessário realizar um estudo com grupo-controle com faixa etária e comorbidades semelhantes às do grupo coinfectado.

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