TRANSMISSÃO da Malária Residual de Sistemas de Mata Atlântica no Espírito Santo: Comportamento Vetorial e Caracterização molecular das Espécies de Plasmodium Circulantes
Nome: JULYANA CERQUEIRA BUERY
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 22/03/2018
Orientador:
Nome | Papel |
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CRISPIM CERUTTI JUNIOR | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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CRISPIM CERUTTI JUNIOR | Orientador |
GUSTAVO ROCHA LEITE | Examinador Externo |
IZILDA CURADO | Examinador Externo |
LILIANA CRUZ SPANO | Examinador Interno |
MOISES PALACI | Examinador Interno |
Resumo: Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, casos de malária autóctone podem ser encontrados próximos a fragmentos de Mata Atlântica. No estado do Espírito Santo, tal doença é particularmente frequente, sendo Plasmodium vivax o parasito comumente reconhecido como o agente etiológico das infecções humanas. Porém, observadas as distâncias espaciais e temporais entre os casos relatados e o comportamento dos insetos vetores locais, especialmente Anopheles (Kerteszia) cruzii, o ciclo de transmissão parece não corresponder ao ciclo tradicional da malária. Sendo assim, a hipótese da existência de uma zoonose, com símios infectados mantendo a transmissão, é estabelecida. Considerando que há pontos obscuros em relação à malária-bromélia, como é chamada, a avaliação do comportamento dos componentes dessa cadeia de transmissão se faz necessária. No presente estudo, a transmissão da malária-bromélia na região rural endêmica do Espírito Santo é investigada com base em dois pilares principais: análise comportamental dos vetores do gênero Anopheles, principalmente os do subgênero Kerteszia, e a comparação do genoma mitocondrial completo do DNA extraído de diversos isolados de Plasmodium spp. que infectaram humanos, um símio do gênero Allouata e mosquitos Anopheles spp. da mesma região. Armadilhas luminosas com CO2 (CDC-CO2) foram instaladas nas áreas abertas, na margem e no interior da floresta, e armadilhas Shannon foram instaladas na margem da floresta para a captura dos mosquitos. O genoma mitocondrial dos Plasmodium spp. enontrados nos diferentes hospedeiros foi completamente sequenciado e comparado em uma rede de haplótipos que incluiu todas as sequências de genomas mitocondriais de P. vivax/simium de amostras de seres humanos e símios de outras regiões do Brasil. Foram capturados 1.414 anofelinos distribuídos em 13 espécies. Anopheles (Kerteszia) cruzii Dyar&Knab foi a espécie mais capturada na copa das árvores e foi também o vetor com maior prevalência de infecção por Plasmodium vivax, de acordo com técnicas moleculares de PCR. A rede de haplótipos nostrou que humanos e símios da Mata Atlântica estavam infectados pelo mesmo haplótipo, mas alguns isolados de seres humanos não eram idênticos ao isolado de símio. Além disso, o DNA de plasmódios extraído de mosquitos revelou sequências diferentes das obtidas de simios, mas semelhantes a de dois isolados de seres humanos. O estudo revelou, portanto, a maior prevalência de infecção em A. (K.) cruzii entre os anofelinos e o comportamento acrodendrofílico desses vetores, principalmente dos infectados, reforçando a hipótese de que a presença de P. vivax nesses espécimes surja pelos repastos sanguíneos em animais que vivem na copa das árvores, como os símios. A comparação dos genomas mitocondriais dos parasitos mostra que, na Mata Atlântica e especialmente no Espírito Santo, parasitos com estruturas moleculares semelhantes são compartilhados por seres humanos e símios. A reconhecida identidade entre P. vivax e P. simium ao nível de espécie, o compartilhamento de haplótipos, e a participação do mesmo vetor na transmissão da infecção para ambas as espécies hospedeiras indica transferência interespécies dos parasitos.