AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE DO ÓLEO ESSENCIAL DE MELALEUCA ALTERNIFOLIA COMO POTENCIAL ANTIFÚNGICO FRENTE A CANDIDA SPP

Resumo: A microbiota oral é considerada extremamente complexa, sendo composta por comunidades interativas de microrganismos e nutrientes podendo formar, nas superfícies da cavidade oral, biofilmes. Algumas propriedades do biofilme podem melhorar ou preservar a saúde bucal, defendendo contra possíveis invasões de patógenos; outras, entretanto podem aumentar a virulência de microrganismos potencialmente prejudiciais à saúde e diminuir os efeitos de agentes antimicrobianos (Baumgardner, 2019).
Entre os microrganismos presentes na cavidade oral, podemos destacar os fungos, não apenas como patógenos oportunistas, mas também como membros da microbiota oral saudável (Krom et al, 2014). Em uma caracterização mais detalhada realizada por Ghannoum et al. (2010), foi observada a presença de cerca de 100 espécies de fungos presentes em indivíduos saudáveis, variando entre 9 a 23 espécies por indivíduo, sendo as espécies do gênero Candida as mais frequentes.
Candida é uma levedura da divisão Ascomycota, que junto a outros microrganismos fazem parte da microbiota humana de animais homeotermos. Sendo assim, pode fazer parte da microbiota suplementar da cavidade oral, estando presente em baixo número quando não há desequilíbrio na manutenção do meio em que se encontra (Yao et al, 2019). No entanto, fatores predisponentes podem torná-la patogênica, levando a diversas síndromes clínicas. Dentre elas, acho melhor citar aqui a candidíase oral e suas formas.

A presença de Candida spp. em sítios subgengivais, assim como a contagem elevada em pacientes diagnosticados com periodontite, sugere uma possível associação desses microrganismos com a etiologia desta doença (Santos, 2018). Além disso, a Candida pode estar associada à estomatite protética, sendo uma doença crônica que acomete a mucosa palatina de usuários de próteses totais ou parciais. Nesses casos, Candida albicans é um dos principais agentes etiológicos, embora outras espécies de Candida, como Candida glabrata ou Candida tropicalis, possam estar envolvidas (Marcos-Arias et al, 2012).
Em relação à candidíase oral, esta é frequentemente tratada com antifúngicos tópicos, nistatina ou miconazol, que são muito úteis para o tratamento dos episódios iniciais. Entretanto, a maioria dos pacientes sofre recorrências ou novos episódios de candidíase, sendo necessário antifúngico sistêmico, como fluconazol ou itraconazol (Marcos-Arias et al, 2012). É sabido, porém, que todos esses medicamentos podem causar efeitos adversos, como por exemplo, náusea, vômito, diarreia e dor abdominal (Garcia-Cuesta et al, 2014). Além disso, essa recorrência está relacionada a resistência intrínseca ou adquirida de algumas espécies de Candida.
Dessa forma, o manejo terapêutico das infecções superficiais e mucocutâneas por Candida são feitos, em sua grande maioria, com uso de antifúngicos alopáticos, tendo, em contra partida, uma escassez de compostos dessa natureza quando comparado, por exemplo, ao desenvolvimento de antibióticos sintéticos. Terapias alternativas, baseadas principalmente em produtos naturais, são as mais buscadas. Contrário à escassez de fármacos antifúngicos, podemos observar nas últimas décadas um aumento substancial de infecções por Candida spp. resistentes aos antifúngicos comumente utilizados (Canuto, 2002; Apolônio e Machado, 2018).
Plantas medicinais, por sua vez, foram responsáveis, de alguma forma, por darem origem a mais de 50% das drogas utilizadas atualmente (Jamshidi-Kia, 2018). Ainda, é estimado que cerca de 80% da população mundial faz uso de plantas ou de suas preparações na atenção primária à saúde (Anvisa, 2018).
A Melaleuca alternifolia (melaleuca) é uma planta nativa da Austrália, que tem sido usada há séculos na medicina tradicional. Empregado, principalmente, por suas propriedades antimicrobianas, o óleo essencial de melaleuca é incorporado como ingrediente ativo em muitas formulações usadas para tratar infecções cutâneas, sendo amplamente disponível sem receita na Austrália, Europa e América do Norte, comercializado como um remédio para várias doenças (Carson, 2006). Levando-se em consideração as propriedades da planta, escassez de fármacos para o tratamento da candidíase mucocutânea e a resistência aos compostos comumente utilizados para este fim, a busca por novas opções terapêuticas têm tornado imprescindível.

Data de início: 01/03/2020
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Aluno Mestrado ISABELA DA CRUZ BAHIENSE ROCHA
Coordenador SARAH GONCALVES TAVARES
Vice-Coordenador TÂNIA REGINA GRÃO VELLOSO
Acesso à informação
Transparência Pública

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