RELAÇÃO Genética e Potencial de Virulência de Isolados de Escherichia Coli Enteroagregativa de Crianças de Comunidades Quilombolas

Nome: CAROLINE GASTALDI GUERRIERI TRÉS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 22/02/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LILIANA CRUZ SPANO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA FERREIRA NUNES Examinador Interno
LILIANA CRUZ SPANO Orientador
ROXANE MARIA FONTES PIAZZA Examinador Externo

Resumo: Escherichia coli enteroagregativa (EAEC) é um patotipo emergente responsável por diarreia aguda e persistente, caracterizado por marcante heterogeneidade quanto aos potenciais fatores de virulência entre os isolados. EAEC pode ser classificada em típica (tEAEC) e atípica (aEAEC) com base na presença do regulon AggR, sugerindo-se uma maior virulência para tEAEC, embora aEAEC esteja relacionada a surtos de diarreia. Tivemos como objetivo determinar a relação genética e o potencial de virulência in vivo de isolados de tEAEC e aEAEC de crianças de comunidades quilombolas. Para análise da heterogeneidade clonal, empregamos a técnica de eletroforese em campo pulsado (PFGE) após digestão com enzima de restrição XbaI em 73 amostras previamente caracterizadas quanto ao repertório de genes de virulência. A virulência de 20 amostras de EAEC (10 tEAEC e 10 aEAEC) além de cepas referência de tEAEC (EAEC 042), aEAEC (C1096) e E. coli não patogênica HB101 foi investigada em modelo de Galleria mellonella. Foi analisada a
sobrevivência das larvas após inoculação de 104 a 107 UFC/larva e determinada a carga bacteriana da hemolinfa após inoculação de 105 UFC/larva das cepas referência, em diferentes períodos após infecção. Além disso, avaliamos características fenotípicas de virulência de 10 amostras de EAEC, (produção de enzimas, sideróforos e de biofilme). Para análise epidemiológica a nível global, 10 isolados foram submetidos à tipagem molecular pela técnica de Multilocus Sequence Typing (MLST). Evidenciamos 58 pulsotipos distintos e sem relação com o perfil de genes de virulência e a comunidade de origem, para a maior parte das amostras. No modelo de G. mellonella, observamos que: (i) mortalidade das larvas foi dependente
da concentração inoculada de tEAEC e aEAEC; (ii) cepas e amostras de aEAEC
foram tão virulentas quanto de tEAEC, porém, a virulência média foi maior para as tEAEC; (iii) Não houve relação entre número de genes de virulência e a virulência no modelo; (iv) em contraposição às cepas EAEC 042 e EAEC C1096, a cepa E. coli HB101 não provoca melanização e é eliminada da hemolinfa com 2 horas após infecção. Em relação às características fenotípicas de virulência: (i) nenhuma amostra produziu fosfolipase, protease ou esterase; (ii) apenas uma amostra produziu hemolisina; (iii) todas as amostras analisadas produziram sideróforos; (iv) somente uma amostra não produziu biofilme. As 10 amostras analisadas pelo MLST pertencem a STs distintos e, portanto, representam diferentes linhagens evolutivas. Os STs: 443, 730, 1178, 1286 e 2481, detectados nas nossas amostras, não haviam sido descritos para EAEC até o momento. Em conclusão, os resultados obtidos demonstram uma alta heterogeneidade de EAEC nas comunidades quilombolas mesmo estas sendo semi-isoladas, visto que a maior parte das amostras não apresentou relação genotípica entre si. Além disso, novos STs foram observados em amostras de EAEC e ao contrário do que se sugere na literatura, pelo modelo de estudo, as aEAEC podem ser tão virulentas quanto as tEAEC.

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