Summary: A resistência aos antimicrobianos (RAM), apesar de ser um fenômeno natural e presente há muito tempo, foi amplificada nas últimas oito décadas pelo uso excessivo e indiscriminado desses medicamentos em diversos setores, especialmente no ambiente hospitalar e na agricultura. Neste contexto, as áreas de manguezais e restingas são importantes ecossistemas para a emergência e disseminação de novos genes de resistência e patógenos resistentes a múltiplas drogas (MDR). Os mangues ocupam o segundo lugar entre as zonas úmidas costeiras, oferecendo um habitat único e complexo que promove uma conexão entre os ecossistemas marinhos e terrestres através do transporte de matéria orgânica e fluxo de energia. Além disso, os manguezais fornecem uma ampla gama de bens e serviços, incluindo a produção pesqueira, que apoiam o bem-estar econômico e social de milhões de pessoas que vivem em comunidades costeiras. As áreas de manguezais recebem frequentemente águas residuais de aquicultura e de esgoto urbano e, portanto, são reservatórios potenciais para genes de resistência aos antimicrobianos. O aumento de poluentes nos manguezais tem gerado preocupação, principalmente devido ao acúmulo de microplásticos, uma vez que estes atuam como promotores da RAM através da formação de biofilmes nessas estruturas. A vegetação de restinga é considerada como um constituinte da Mata Atlântica brasileira, e atua como barreira física, fornecendo e fixando sedimentos que auxiliam na recuperação das praias e na fixação de dunas, protegendo o litoral de eventos erosivos das ondas e marés. Sendo assim, a restinga é um ecossistema costeiro de fundamental importância para o equilíbrio ambiental e proteção das praias. Os microrganismos, incluindo bactérias e fungos, constituem a base dos ecossistemas e desempenham uma variedade de funções vitais. A importância das restingas para os ecossistemas microbianos está relacionada a vários fatores, dentre os quais destacam-se a biodiversidade microbiana, a ciclagem de nutrientes, a fertilidade e a estabilização do solo, bem como a resposta a estresses ambientais. Os ecossistemas microbianos das restingas também são fontes de compostos bioativos com aplicação biotecnológica na medicina, agricultura e na indústria, assim como verificado em áreas de manguezais. Embora os ecossistemas de manguezais e restinga tenham sido extensivamente estudados para vários fins ecológicos, incluindo estudos brasileiros, pesquisas focadas na caracterização da distribuição e função de suas comunidades microbianas ainda não foram adequadamente exploradas. Além disso, estudos prévios sugerem que a atividade antrópica e as alterações climáticas podem causar alterações nas inter-relações solo-microrganismo-planta. Neste contexto, o objetivo desse estudo é caracterizar e catalogar a diversidade fúngica nos ecossistemas de manguezais e restinga no Espírito Santo, de modo a explorar seu potencial patogênico e detecção de possíveis genes de resistência a antifúngicos comumente utilizados na prática médica. Para isso, serão coletadas amostras de água e solo de áreas que sofreram ação antrópica e áreas protegidas de mangue e restinga do estado, a cada três meses, durante uma um ano. A amostra será filtrada e os filtros serão utilizados para isolamento de fungos em meios de cultura específico. O solo será processado em soluções salinas diluídas seriadamente e dispensados em diferentes meios de cultura. Uma vez isolados, os microrganismos, serão identificados por análises bioquímicas, morfologia, espectrometria de massas (MALDI-TOF MS) e/ou sequenciamento de DNA. Os isolados serão avaliados quanto ao seu perfil de susceptibilidade pelo método de microdiluição em caldo a partir de protocolos padronizados pelo EUCAST/BrCAST. Isolados resistentes terão o gene de resistência investigado por sequenciamento de DNA. Novos genes ou genes raras terão seu genoma completo sequenciado, assim como cepas potencialmente patogênicas não descritas. Cepas fúngicas resistentes de mesma espécie de regiões diferentes terão sua relação genética avaliada por meio da tipagem molecular por microssatélite. Espécies potencialmente patogÊnicas serão avaliadas em modelo de Galleria mellonella.
Starting date: 08/07/2025
Deadline (months): 48
Participants:
Role![]() |
Name |
---|---|
Coordinator * | SARAH GONCALVES TAVARES |
Researcher * | KÊNIA VALÉRIA DOS SANTOS |