ESTUDO MOLECULAR DE VÍRUS ASSOCIADOS À DIARREIA EM CRIANÇAS QUILOMBOLAS DO NORTE DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.

Nome: FERNANDO VICENTINI
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 29/08/2013
Orientador:

Nome Papelordem crescente
LILIANA CRUZ SPANO Orientador

Banca:

Nome Papelordem crescente
ANA PAULA FERREIRA NUNES Suplente Interno
DÉBORA BARRETO TERESA GRADELLA Suplente Externo
LILIANA CRUZ SPANO Orientador
ANGELICA ESPINOSA BARBOSA MIRANDA Examinador Interno
MOISES PALACI Examinador Interno

Páginas

Resumo: A diarreia é um importante problema de saúde pública e suas consequências são agravadas pela falta de atendimento médico, diagnóstico e tratamento de suporte, expondo sobremaneira as crianças à morte. Este trabalho objetivou realizar uma vigilância entre 2007 e 2010 com detecção seguida de análise filogenética molecular de agentes virais encontrados nas fezes de crianças com (sintomáticas) e sem diarreia (assintomáticas), menores de 12 anos, e a susceptibilidade à infecção por norovírus conforme antígeno de grupo sanguíneo (HBGA). Foi obtido um total de 574 amostras de fezes e pesquisados: (i) rotavírus (RV) por eletroforese em gel de poliacrilamida e ensaioimunoenzimático; (ii) norovírus (NoV), por RT-PCR da região B do genoma viral e genogrupos e genótipos determinados por PCR e sequenciamento, respectivamente, para regiões C e D; (iii) adenovírus (HAdV), por PCR e nested-PCR para gene do hexon, espécie e genótipo analisados com enzima de restrição SalI e sequenciamento e; (iv) astrovírus (AstV), por PCR em tempo real para ORF2. Os fenótipos HBGA foram determinados por gel-centrifugação e os genes FUT2 e FUT3 analisados por PCR e sequenciamento a partir de sangue e saliva, respectivamente, obtidos de crianças infectadas por NoV e de adultos. Nenhuma amostra foi positiva para RV ou AstV enquanto NoV foram detectados em 9,2% (12/131) das crianças sintomáticas e em 1,5% (4/266) das assintomáticas, 50% do total em ≤12 meses, embora estas representassem 10% das amostras obtidas. Genogrupos GI e GII corresponderam a 12,5% e 87,5%, respectivamente, com os seguintes genótipos: GII.4 (25%), GII.12 (25%), GII.6 (12,5%) e GI.1 (6,3%), GI.3 (12,5%) e GI.4 (6,3%). As crianças infectadas com NoV pertenceram aos seguintes fenótipos de HBGA: A (n=6), O (n=6) e B (n=2); 13 deles classificados como secretores (Se) e um, não secretor (se). Foram encontradas mutações Se 40,171,216,357,428,739,960 para o gene FUT2 e mutações Le59, 202, 314 para FUT3. A única criança com fenótipo se, foi infectada por NoV GI, enquanto as Se, foram infectadas por GI e GII. A frequência total de HAdV foi de 27,8% (59/212), com 30,1% (40/133) e 24,1% (19/79) em sintomáticas e assintomáticas, respectivamente. As 33 amostras das crianças sintomáticas pertenceram às seguintes espécies: 3 (9.1%) A, 6 (18,2%) B, 18 (54,5%) C, 2 (6,1%) D, 4 (12,1%) F. HAdV-F e HAdV-A constituiram 20% do total e infectaram somente crianças ≤5 anos. HAdV-F ocorreu igualmente entre as sintomáticas e assintomáticas. HAdV-E e G não foram detectadas. Em conclusão, este estudo mostrou: (i) taxas de infecção por NoV em crianças quilombolas sintomáticas e assintomáticas consistentes com outros estudos, no entanto, as ≤12 meses foram sete vezes mais afetadas do que aquelas 1-5 anos; (ii) NoV GII.12 foi tão frequente quanto GII.4 e os genótipos GI.1 e GI.4 foram descritos pela primeira vez no Brasil; (iii) perfil de HBGA revelou população idêntica à dos outros continentes, incluindo a única mutação até então, exclusiva de negros africanos e nenhum padrão de susceptibilidade ou resistência associada ao HBGA foi inferida para os NoV e; (iv) HAdV-F e HAdV-A foram responsáveis por 1/5 do total dos tipos HAdV e HAdV-F41 foi excretado igualmente entre sintomáticos e assintomáticos. Este é o primeiro estudo no Brasil sobre RV, NoV, HAdV e AstV em crianças quilombolas através de caracterização molecular das estirpes, o que permitiu detectar a alta frequência de HAdV e ampla diversidade genética entre NoV e HAdV e aparente ausência de circulação de RV e AstV nas crianças das comunidades quilombolas.
PALAVRA-CHAVE: Crianças Quilombolas, filogenia molecular, gastrenterite viral, HAdV (Adenovirus humano), HBGA (Antígenos de grupo histo-sanguíneo), NoV (Norovirus).

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